30.6.07

Crónicas do Diogo - IX

Livro: “Alguns Olhares”
Autor: Prof. Virgílio Higino Gonçalves Pereira
Publicação: “O Liberal” Artes Gráficas
Tiragem: 1000 exemplares



Foi apresentado no Funchal, no passado dia 27 de Junho, no Quartel dos Bombeiros Voluntários do Funchal, o primeiro livro de Virgílio Higino Gonçalves Pereira, mais conhecido por Professor Virgílio Pereira, sob o título "Alguns Olhares".

Em exclusivo para o Blogue dos alunos da Turma B do Curso de Ciências da Cultura, o autor, Prof. Virgílio fala-nos desta e de outras experiências.

Desde já agradecemos a disponibilidade revelada pelo autor nesta entrevista exclusiva ao nosso universo de internautas.


Curso de Ciências da Cultura da Universidade da Madeira - Professor Virgílio Pereira, porquê o livro "Alguns Olhares"?

Professor Virgílio Pereira - Sinceramente não me movi pela máxima popular, plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro. Não foi isso. Atravessando uma fase menos feliz no campo da saúde e para combater as horas de ócio e solidão, lembrei-me de pedidos de familiares e amigos que era: “Faz a junção de histórias que tens de apontamentos, de experiências e publica. Vão constituir um registo em forma condensada e se alguém estiver interessado é mais fácil a consulta em livro”. Foi sobretudo com base em tempos livres, por isso é que é pequeno e despretensioso, onde a primeira parte são história da minha vida pública e a segunda parte é uma colectânea de escritos dos últimos sete anos, de 2000 a 2006.

CCB UMa – É um livro político ou pessoal?

P.VP – A segunda parte é mais política, sem dúvida, com temáticas diversas, algumas mescladas de argumentos vários por onde passei. A segunda é mais política, sem dúvida.

CCB UMa – Para quando um mais pessoal?

P. VP – Estou a pôr essa hipótese com uma certa acuidade. Tenho a impressão que a primeira parte do meu livro vai servir de base a um segundo documento, com base em historias verídicas, sem ficção nenhuma, aliás como este livro, e que ajude a espelhar a evolução da sociedade madeirense ao longo de 40 anos, contando um pouco da minha historia desde criança, passando pela adolescência, aluno de liceu, da faculdade, professor, explicador, autarca, parlamentar, político, etc.. Vou contar uma história de forma mais cuidada do que neste livro, sem dúvida, enveredando mais pelo campo da sociologia. Penso que posso ajudar a espelhar complementarmente a outros documentos mais complexos que já existem.
Julgo que o meus amigos mais novos em lugares públicos por onde eu já passei, vão ficar enriquecidos em conhecimentos com um trabalho dessa natureza, uma vez que não viveram os tempos antigos da nossa autonomia e carecem de documentos e experiências vividas para avaliar melhor as suas raízes.


CCB UMa – Vão ser umas memórias?

P. VP – Eu não queria ir por aí, nem por uma autobiografia, pois parece-me que não tenho dimensão para tal. Tenho material para contribuir, porque a mim interessa-me chegar as classes mais afastadas da literacia, portanto tenho uma tendência quase endémica para pensar nesses em primeiro lugar. Temos de pensar nesses sempre em primeiro lugar, portanto esses devem, estar no primeiro lugar das nossas preocupações. Obviamente quando vejo homens e mulheres de cultura superior elaborarem trabalhos melhor preparados e decifráveis a um nível superior também fico satisfeito, pois temos de olhar também a elite cultural como motor da sociedade. Contudo, a nossa sociedade, seja a que nível for, evolui muito mais quando trabalha em conjunto.

CCB UMa – Em termos pessoais, Prof. Virgílio, é a idade que ajuda a escrita ou a escrita que ajuda a idade?

P. VP – Boa pergunta. Nunca pensei nisso. Penso que as duas coisas. A idade que vou tendo e os problemas de saúde, abriu o caminho ao livro, não queria o ócio e a solidão, contudo a distância dos anos em relação as histórias ou a mensagem que procuro passar é resultado da relação idade/escrita sem dúvida.

CCB UMa – Uma palavra para o Curso de Ciências da Cultura da UMa, numa altura em que em Portugal se massifica e se quantifica tanto a cultura, lembro que por exemplo o Sr. Joe Berado considerava esta semana a cultura em França, por exemplo, uma industria superior à industria automóvel.Qual o caminho para a cultura?

P. VP – Penso que realizações como as do Sr. Joe Berado são necessárias para as elites, os motores da nossa sociedade, mas não se esqueça que está nos recursos humanos, fora das elites, os pilares de desenvolvimento e evolução de um país. Continuo a dizer que ainda com melhorias significativas há uma grande massa populacional que tem de ser olhada de maneira mais cuidada. Temos de preparar, de talhar os diversos agentes e monitores culturais para que no futuro os conhecimentos cheguem a toda a gente, as artes, a cultura, a escultura, a música, a dança, etc., como outros campos de literatura, da poesia, do conhecimento, da biologia, da química etc.. Estamos carecidos de mais e melhores formadores para a maior parte da nossas sociedades. Talvez queira dizer que os governos devem apoiar de forma vigorosa a cultura, de maneira a que se propague na nossa sociedade. O ensino superior deve ser incentivado na aquisição de competências que passa forçosamente pela interacção entre a parte estatal e privada. Sem dúvida que quanto mais agentes e forças aplicadas à cultura, maior evolução social haverá.
Um abraço aos alunos de ciências da cultura, e que o curso e a vossa vida decorra da melhor forma!


Diogo Luis

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Diogo pelo "furo"! Pareces um verdadeiro blogista (que tipo de neologismo será este?). Mostras aqui o verdadeiro espírito deste nosso espaço: a partilha de informações que nos interessem, enquanto alunos de Ciências da Cultura, e que contribuam para a afirmação do bom nome do nosso curso. Espero que outros colegas se inspirem no teu exemplo e que também contribuam para o enriquecimento deste blog. Obrigada!