16.6.07

Crónicas do Diogo VII


"É altura de protestar"

"Não conheço nada mais estúpido que a esquerda."

José Saramago, 85 anos, entre outros não menos importantes, Prémio Nobel da Literatura em 1998, um homem assumidamente de esquerda, falava na conferência “Lições e Mestres”, em Santilhana del Mar, no Norte de Espanha, quando proferiu esta e outras afirmações.
“A esquerda deixou de ser esquerda e tornou-se "estúpida", afirmou José Saramago, que acusou também os governos de estarem a tornar-se "em comissários do poder económico".
"Já não há governos socialistas, ainda que tenham esse nome os partidos que estão no poder"
, afirmou o escritor a respeito de executivos como o português e o italiano, citado pela agência EFE no último dia da conferência "Lições e Mestres", em Santilhana del Mar, no norte de Espanha.
"Antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda", afirmou o octogenário escritor e militante histórico do Partido Comunista Português.
"Estamos a chegar ao fim de uma civilização e aproximam-se tempos de obscuridade, o fascismo pode regressar; já não há muito tempo para mudar o mundo", afirmou José Saramago.
"O mundo é dirigido por organismos que não são democráticos, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio", acusou.
"É altura de protestar!"
Para Saramago, "é altura de protestar, porque se nos deixamos levar pelos poderes que nos governam e não fazemos nada por contestá-los, pode dizer-se que merecemos o que temos".
O escritor português defendeu que não existem géneros, mas sim "espaços literários", que admitem de tudo ― ensaio, filosofia, ciência ou poesia ―, e expressou a sua admiração pelo checo Franz Kafka, "a grande figura literária do século XX".


Não tenho dúvidas que, fruto dos “reles economicistas” instalados nos diversos poderes instituídos, somos cada vez mais meros números em vez de seres humanos. Somos um número de identificação pessoal, somos um número de segurança social, somos um número um cartão profissional qualquer.
Mas mais grave ainda, somos cada vez mais um “encargo” social em vez de um activo onde apostar. Somos cada vez mais um encargo para o “estado”, “estado” que hoje em dia não passa de um grupo de interesses, interesses dos tais “reles economicistas”, que nos tentam reduzir a meros relatórios e contas.
Se não, atentem num simples exemplo, mais vale se perder vidas humanas sem apoio médico do que manter, COM O DINHEIRO DOS NOSSOS IMPOSTOS, estabelecimentos hospitalares com urgências médicas abertas. “Não é rentável” dizem esses tipos do alto da sua sapiência (?) como se uma vida humana pudesse vir registada num simples balancete financeiro. E não acaba por aqui, atentem o que se passa com os desempregados cada vez mais desprotegidos, os idosos que chegam ao fim de uma vida de descontos sem garantias de sobrevivência, ou até mesmo de uma imensa parte da população activa que perde direitos adquiridos em nome de um suposto “bem-estar orçamental”. De facto, "é altura de protestar", mas não sei se vamos a tempo…
Diogo Luís

Sem comentários: