Liberalismo, Neoliberalismo, Capitalismo e outros “ismos” …
(infelizmente com duras consequências sociais e humanas)
Os conceitos de “sorte” ou de “azar”, como elemento essencial ao sucesso pessoal ou colectivo têm “evoluído” (?), sobretudo desde o final do século passado. Hoje em dia, mais que a “sorte” ou o “azar”, valorizamos o nosso (meu) trabalho, as nossas (minhas) qualidades, no aproveitar ou não das oportunidades que se nos deparam. Para o bem e para o mal...
Não quero vos maçar com os conceitos e ideias peregrinas, que, de tempos a tempos me assaltam, sobretudo quando me deparo com carências sociais e humanas na nossa cidade, mas quero vos chamar a atenção para o “como” analisamos o sucesso ou o insucesso dos outros e o “como” a nossa sociedade rapidamente nos classifica e condiciona (atenção, a todos nós, não apenas aos “outros”).
Hoje em dia ninguém classifica um mendigo simplesmente como um “homem sem sorte”. À mendicidade associamos (todos nós!) muitas vezes outros conceitos, como alcoolismo, “vadiagem”, preguiça, má-formação etc. Desprezamos (todos nós!) os valores humanos e a situação pessoal por trás de toda a situação de pobreza visível e, por outro lado, valorizarmos (todos nós!) os aspectos que nos desculpabilizam colectivamente e, por consequência, singularmente.
Literalmente o pobre é pobre porque o quer ser e não nos compete resolver o problema (opinamos todos nós enquanto seguimos o nosso caminho, descansadinhos da vida).
Os valores absolutamente materiais com que nos regemos hoje em dia, abafam por completo os valores morais e humanos que deveríamos exibir. Fruto do “orçamentarismo exacerbado” (mais um “ismo”) hoje em dia todos somos números (todos nós!).
Somos um qualquer número para a área social, somos um qualquer número na área profissional, somos um somatório de vários números aos olhos da sociedade.
O pior é que, fruto desse mesmo “orçamentarismo” bacoco e estúpido, perigosamente e rapidamente evoluímos (todos nós!) de números para encargos sociais. Se adoecermos somos encargo (“malandros querem é baixa!”), se formos para o desemprego somos um encargo (“malandros querem é não trabalhar!”), se nos reformarmos continuamos a ser encargos (“velhos que não fazem nada!”), até atingirmos o ponto de ruptura (já atingido infelizmente), de ver pessoas perfeitamente incapacitadas a terem de voltar a trabalhar porque, apesar de duramente, visivelmente, notoriamente incapacitadas, não se lhes vêm as respectivas baixas médicas renovadas, fruto de “condicionantes”, ou de “erros de análise” (erros de análise? Em situações perfeitamente identificadas? Com pessoas absolutamente inválidas para trabalhar?) …
Tudo isto é culpa nossa, tentem, se puderem, assobiar para o lado, mas somos tão culpados (todos nós!) como os tecnocratas que covardemente se defendem no alto de conceitos de “orçamentaristas”, fruto de Liberalismo, Neoliberalismo, Capitalismo ou outros “ismos” infelizmente e cada vez mais com duras consequências humanas e sociais.
Até para a semana
Diogo Luis
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